quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Enigma da energia escura rende Prêmio Nobel‏

Descoberta de que o Universo está se expandindo em ritmo
acelerado,graças a uma força contrária à gravidade, foi feita em 1998
por dois grupos independentes

O Prêmio Nobel em Física de 2011 acaba de ser anunciado pela Academia
Real de Ciências da Suécia e vai para um trio de cientistas que abalou
as fundações da cosmologia ao constatar que a expansão do Universo está
se acelerando.

Metade do prêmio, no valor de 10 milhões de coroas suecas, ficou com
Saul Perlmutter, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e da
Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, enquanto a
outra metade foi dividida entre Brian Schmidt, da Universidade Nacional
Australiana, e Adam Riess, da Universidade Johns Hopkins e do STScI
(Instituto de Ciência do Telescópio Espacial), nos Estados Unidos.

A chave da descoberta foi o estudo de um tipo particular de supernova.
Em tese, essas estrelas, denominadas Ia ("um-a"), explodem sempre com a
mesma intensidade, o que faz com que seu brilho possa ser usado como
uma referência relativamente segura para medir a distância e a
velocidade de afastamento (baseada na distorção que a luz sofre ao
partir de objetos em movimento na nossa direção, o chamado efeito
Doppler).

O grupo de Perlmutter foi o primeiro dos dois a trabalhar com isso, em
1988. Em 1994, Schmidt e Riess se juntaram ao esforço. As equipes
queriam usar as supernovas distantes como "faróis" no espaço, de forma
a mapear o Universo. Mas o que eles descobriram, ao mesmo tempo, em
1998, foi muito mais assustador.

Os grupos encontraram cerca de 50 supernovas cuja luz era mais fraca
do que deveria ser. Ao comparar a velocidade de afastamento delas com a
de outras mais próximas, eles descobriram que a expansão do cosmos,
iniciada com o Big Bang, está se acelerando.

Por tudo que se sabia até então, a expectativa era de que o ritmo de
expansão estivesse sendo paulatinamente contido pela gravidade de todos
os objetos do cosmos, atraindo-se uns aos outros e combatendo os
efeitos do Big Bang. Contudo, ao que parece, há uma força desconhecida
agindo contra a gravidade -- e vencendo.

Nasceu assim o misterioso conceito da energia escura. Sua natureza
exata continua um enigma. Há quem defenda que se trata da própria
energia contida no vácuo, potencializada pelo aumento de "vazio" entre
as galáxias conforme a expansão cósmica foi avançando, mas a palavra
final está longe de ser dada. E, como ela parece corresponder a cerca
de três quartos de tudo que existe no Universo, fica a sensação de que
ainda há muito trabalho a ser feito pelos físicos até que todos os
mecanismos do cosmos estejam devidamente esclarecidos.

Sociedade Brasileira de Física

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